Primeiramente
vou definir o que são os termos Colafina e Bacudo: Colafina é como os moradores
do campo se referem ao citadino. Bacudo é como os citadinos se referem ao
morador do campo.
Certas feita um guri colafina do
Alegrete, veio estudar na Capital, aprendeu artes marciais, se sofisticou e, ao
voltar em férias ao Alegrete, avistou um bacudo passeando pelo Centro da
cidade; devia ser um peão de estância de folga, alpargatas, bombachita de brim
riscado e uma camisa de mangas curtas, mostrando os braços musculosos de quem
se criou na lida. O gurizote colafina analisou o bacudo e começou a debochar
dele (afinal o gurizote era um dos melhores alunos da Academia de Artes
Marciais). O bacudo levou na brincadeira mas o colafina exagerou no desboche e
o bacudo desafiou:
-- Te
arremanga e vem!
O
colafina veio com tudo que sabia de judô, disposto a dar uns tombos no bacudo;
este acostumado a pegar tourito à unha e a tirar talho na curva do braço
envolto no pala, apenas quadrou o corpo, saindo fora da trajetória do cola
fina, enquanto lhe aplicava um tapa de mão aberta ao pé do ouvido.
Aquilo
foi se repetindo até que chegou a turma-do-deixa-disso apartando os dois. O
bacudo voltou para a campanha e nem sei quem era; o colafina foi para a casa
dos parentes, com o lado da cara “bordado” de marcas dos dedos do bacudo.
O fato
é real e o colafina eu sei quem era, mas como isto ocorreu há quase 40 anos,
omito o seu nome, pois hoje é um cidadão respeitável, pai e avô.