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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Breve História de uma Jovem Doutora. - 1999

 

Ela nasceu na França , há 124 anos. Foi batizada com o nome de Marie Terèse (Maria Teresa).

Era filha do casal Martin, cujo processo de canonização está bastante adiantado.

Educada na religião católica, tornou-se religiosa da ordem das Carmelitas.

Sua passagem pela Terra foi efêmera, tendo morrido com apenas 24 anos ( ou 23 B, como diria o nosso querido Binho).

O que poderia ter feito de especial esta jovem que viveu tão pouco tempo, numa época em que as mulheres eram tão pouco valorizadas?

· Ela amou a Cristo com imenso amor, e foi por Ele amada.

· Foi canonizada pela Igreja num espaço de tempo relativamente curto após sua morte.

· No dia 19 de outubro deste ano foi declarada “DOUTORA DA IGREJA” por Sua Santidade, o Papa João Paulo II, honra esta alcançada por poucos Santos.

· Ainda em vida prometeu, e tem cumprido, “passar seu Céu, deixando cair uma chuva de rosas (graças) sobre a terra”.

Jovens rapazes e moças do CLJ da Piedade: “se liguem” nesta jovem que mostrou que o valor de uma vida não se mede pelos poucos anos vividos, e que é possível vencer as discriminações impostas às mulheres, através da dedicação a Cristo.

Jovens, “se liguem” na jovem doutora SANTA TERESINHA do MENINO JESUS.

1998 - RITOS DE ACEITAÇÃO E PASSAGEM.

Ritos de aceitação e passagem dos jovens no grupo social.

Desde os tempos primitivos, a medida que os jovens atingiam determinadas faixas de idade ou de desenvolvimento físico ou intelectual eram submetidos a determinados rituais de aceitação e passagem que, uma vez cumpridos, determinavam sua aceitação como novos membros do grupo social. Estes rituais, de caráter social e religioso, eram acompanhados de grandes festas promovidas pelos pais, parentes e amigos dos jovens, manifestando a alegria pelo feito.

Hoje um grupo de jovens postula sua aceitação por um dos mais belos grupos de nossa comunidade, o de “jovens que evangelizam jovens”; o ritual de passagem é o curso CLJ-1 do qual eles irão participar num final de semana do mês de outubro, de sexta a domingo; a grande festa de aceitação pelo grupo é a missa de chegada, no domingo à noite.

Nós que somos pais, parentes e amigos, devemos mostrar nossa alegria e júbilo pela sua conquista, comparecendo à missa de chegada e enviando mensagens de amor, alegria e congratulações, que lhes serão entregues domingo à tarde, ao fim do curso.

Estas mensagens, recebidas como surpresa num momento sumamente importante de suas vidas, devem ser redigidas com antecedência e entregues aos monitores do curso, representantes do CLJ ou “tios”, que as farão chegar aos destinatários no momento oportuno.

Peçam a avós, tios, irmãos, amigos, padrinhos, parentes próximos ou distantes, etc. que também escrevam suas mensagens. Seus filhos e sua conquista merecem este reconhecimento.

PÉROLAS - 1997

 

I - Introdução

Além dos Quatro Envangelhos, houve outros que, em certas épocas e lugares, foram considerados inspirados por algumas igrejas. Quando mais tarde foram relacionados os livros inpirados (canônicos) pela Igreja, estes evangelhos não inspirados (apócrifos) foram abandonados, permanecendo certas passagens dos mesmos como tradição popular. Apesar de sua não canonicidade, pode-se encontrar neles algum ensinamento, fragmentos de sabedoria, aqui chamados de “pérolas”.

II - Na tradição gaúcha.

A fuga da Sagrada Família se deu em pleno inverno, extremamente frio e chuvoso. Iniciada em lombo de burro, teve que continuar em carreta para melhor enfrentar as agruras do tempo e do caminho. Lá pelas tantas o Menino chorou com fome e Nossa Senhora não tinha leite para lhe dar. A uma mulita que passava, a Senhora pediu que lhe trouxesse uma gota de leite de cada uma de suas filhas, para saciar a fome do Menino. A mulita, atendendo o pedido, desculpou-se pela pouca quantidade trazida, pois sua ninhada era pequena e havia poucas fêmeas.
Noutra ocasião a carreta ficou presa num atoleiro do caminho. À mesma mulita, a Senhora pediu que lhe emprestasse a força de seus filhos, para desatolar a carreta. Atendendo, a mulita desculpou-se pelo pouco que pudera ajudar, pois em sua pequena ninhada havia poucos machos.
Em agradecimento pela ajuda recebida, a Senhora pediu e Deus Nosso Senhor concedeu a graça pedida: é por isso que, até os dias de hoje, a mulita tem ninhadas numerosas, constituídas ou só de machos ou só de fêmeas.
O texto é apócrifo, embora piedoso e terno; as pérolas são os ensinamentos:
· todos são convocados ao trabalho da Salvação com seus talentos e suas limitações, mesmo os seres mais inferiores, como a mulita dos campos riograndenses;
· ao que bem empregar os seus talentos, mais talentos lhe serão acrescentados;
· Nossa Senhora foi, é e será sempre a mediadora de todas as graças concedidas.

III - Dedicatória

Ofereço aos jovens do CLJ da Piedade o presente texto, lembrando que o verdadeiro talento é a humildade e que mesmo os mais eruditos e talentosos não passam de “pequenas mulitas” aos olhos do Senhor.

De Barcos e Travessias - ano de 2000 - apelo aos casais da Paróquia de N. Sra. da Piedade.

 

Outro dia, observando um veleiro, linhas arrojadas, mastros fortes, velas enfunadas, tripulação jovem e “sarada”, fiquei a pensar:

--De onde vem e para onde irá? O que lhe garante a estabilidade, flutuação e manutenção no rumo?

A resposta me veio de pronto: abaixo da linha d’água estão a quilha e o casco bem calafetado, responsáveis pela estabilidade e flutuação, e também o leme que lhe mantém no rumo certo.

As coisas de Deus não acontecem por acaso:

Não é por acaso que o patrono dos movimentos de jovens é São Pedro, barqueiro e pescador. Não é por acaso que os movimentos de jovens são comparados à Barca de Pedro, na travessia pelos mares do mundo.

Os jovens do movimento são tudo que se vê acima da linha d’água: tripulação, velas mastros , convés, etc...

O diretor espiritual é o Leme, sem o qual não se chega a lugar algum.

Quem seria então a quilha e o casco deste barco? E a resposta me vem de pronto: são os casais de “tios” que, sem procurar aparecer, são prestadores de serviço e fatores determinantes da estabilidade do movimento.

As coisas de Deus não acontecem por acaso:

Se vocês são um casal preocupado com os serviços da comunidade paroquial, pensem que este apelo não chegou até vocês por um acaso: a jovem Barca de Pedro da paróquia da Piedade precisa de “tios” para continuar flutuando. Venham trabalhar conosco. Venham fazer conosco esta travessia rumo ao porto da Casa Paterna.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Discussão sobre a mulher ideal

Fórum MPInfo,  Sala Geral

Postado em 23/11/2001 01:23:05


Gente, que confusao: estamos tentando unificar e comparar 3 ou 4 tipos diferentes de "mulheres ideais":
1)a dos concursos de beleza: a Sint definiu muito bem os atributos que devem ser considerados (tudo). Faltou apenas dizer que no ítem corpo, é importantíssima a proporcionalidade das medidas de busto, cintura , quadrís, coxas, etc, e aí "eles" nao estao tentando nos impingir um biotipo, mas esta proporcionalidade foi tirada da estatuária grega do período clássico, coisa de 2.000 anos atrás.
2)a das top-models: é a mulher ideal dos estilistas e é para este padrao de mulher que eles fazem suas criaçoes (lembrem que nao existem grandes estilistas americanos, mas sim franceses, italianos, etc.).Já foi uma mulher magérrima, sem seios, corpo reto, quase andrógina, ou, se quizerem com corpo semelhante ao de um homem efeminado. Hoje, felizmente, as top-models tem um corpo bem mais feminino.
3)a "boazuda": é a mulher ideal do macho da espécie. A natureza determinou que nosso instinto ache ideal uma mulher de traços faciais proporcionais e agradáveis - o que significa saudável-, jovem - o que significa ainda capaz de reproduzir-, com quadrís amplos, tipo "violão" - o que significa "boa parideira"-, com seios fartos - o que significa capaz de alimentar o filho-, garantindo com estes ítens a reproduçao e manutençao de nossa frágil espécie sobre a face da terra num passado muito distante. Ainda que cheguemos no futuro à gestaçao num útero artificial, e que todos estes ítens se tornem supérfluos, o "clichê" se manterá gravado no inconsciente coletivo da espécie.
4) a personalizada: é a mulher ideal de cada um, moldada com elementos dos 3 tipos anteriores e mais as vivencias e influencias a que o individuoo esteve ou está sujeito, desde de o biotipo materno até aquele trazido pelos meios de comunicaçao de massa.
T+
(Hoje eu gostaria de mudar minha assinatura para: "o Diabo mais sabe por ser velho que por ser Diabo")

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"Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay"

terça-feira, 27 de maio de 2008

Pronunciamento aos ferroviários, semana da Pátria de 1991.

     Neste Sete de Setembro, em que o Brasil completará 169 anos de independência, queremos confraternizar com os ferroviários da Superintendência Regional de Porto Alegre da Rede Ferroviária Federal S. A. no desejo de que os difíceis momentos por que passa a Nação sejam superados no mais breve intervalo de tempo.

 

     Temos convicção que a classe ferroviária gaúcha tudo fará para abrir com seu profícuo trabalho novas e promissoras perspectivas em prol de um grande entendimento nacional.

 

Esperamos que a apatia ceda lugar ao entusiasmo, o desinteresse seja substituído pela participação e o isolamento pela união de esforços na discussão da Nação que almejamos e merecemos.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Homenagem ainda que tardia!


Recebi, junto com o exemplar da Gazeta, a edição especial relativa aos 80 anos do Hélio Irajá Ricciardi dos Santos. Lí e gostei muito dos depoimentos feitos por alguns muito famosos e outros nem tanto. Como um quase desconhecido e que teve apenas relações casuais e esporádicas com ele, é que faço este depoimento.
A primeira vez que ví o Hélio, na década de 40, ele era um rapazola magro, muito alto, com o rosto cheio de espinhas e extremamente tímido, levado até nossa casa por meu irmão Domingos, seu colega , amigo e futuro padrinho. Os dois tinham em comum, além da admiração recíproca, o fato de serem órfãos de pai, terem deixado de estudar de dia para, estudando à noite, trabalhar e ajudar no sustento da casa. Foi do Domingos que ouvi o primeiro elogio ao Hélio: -- O Hélio é muito inteligente, tudo que ele vê aprende e é capaz de fazer melhor do que o que viu!
A próxima lembrança que tenho do Hélio é da década de 50, sendo ele já um poeta consagrado, juntamente com Roberto Osório Júnior, Ciro Soares Leães e Enio Campos; o que mais desejávamos ( eu, o Felipe Trindade, o Walterson Caravajal e outros jóvens que começavam a escrever poemas) era ter um poema nosso lido e apreciado por um desses mestres.
A seguir, no início da década de 60, lembro um encontro que tivemos numa viagem num trem noturno. O Hélio construtor, sabendo que eu iria me formar em Engenharia, me convidava a me estabelecer em Alegrete, onde faríamos uma parceria e construiríamos muitas casas (e eu só queria ser seu parceiro na poesia...).
Nas décadas de 70, 80 e 90, este cometa brilhante que é o Hélio, teve uma órbita bastante distante e eu não tenho registros de sua passagem.
Finalmente, nos anos 2000, conheci a Lilia, filha dele, através da Internet...
Se os poemas são como filhos, os filhos são a verdadeira Elegia à Vida que todos nós, poetas ou prosaicos escritores, ousamos escrever!

sábado, 22 de março de 2008

SOBRE A GUERRA

Reflexos da 2ª Guerra Mundial em Alegrete

      Corria o ano de 1942: a guerra, até então algo distante e alheio a nosso cotidiano, passa a bater à nossa porta, com navios mercantes brasileiros afundados por submarinos nazistas e com a declaração formal de guerra do Brasil contra as potências do “Eixo”.
      Começam então os preparativos para o envio de tropas ao cenário da luta: reservistas são reconvocados de todos os recantos deste imenso país; como diz a Canção do Expedicionário:
“Você sabe de onde eu venho?
Venho do morro, do engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana, onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Do pampa, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal!”
Desses que vieram do pampa, haveria algum de Alegrete? Eu sei apenas de um, Rui Jacques Trindade, filho do Seu Ismael e de Dona Vitoriana, moradores do Capivari, que deram uma festança por ocasião de sua volta (e eu fui a esta festa; é verdade que não aproveitei muito, terminei sendo posto a dormir em uma cama de casal, com mais meia dúzia de crianças, enquanto os adultos bailaram a noite inteira!).
      Outro que foi reconvocado, embora não tenha seguido para a frente de combate, foi meu irmão Pedro D’Andrea Neto. Ele foi destacado para o Sexto Regimento de Cavalaria, ali próximo da Estação Ferroviária, onde hoje está o Batalhão de Engenharia. Quando ele tinha que ficar alguns dias no quartel, minha mãe lhe mandava diariamente um fiambre, que era entregue ao sentinela, no portão. Naquela época jamais sequer se pensaria em mandar uma menina ou uma moça levar algo a um quartel: como meu irmão Domingos trabalhava, sobrava para mim, um homem com cerca de 5 anos caminhar pouco mais de uma quadra da rua Tamandaré, atravessar a linha férrea, chegar até o quartel com o fiambre, entregá-lo ao sentinela e dizer a quem se destinava (embora a tarefa não me agradasse muito, eu a cumpria a contento, afinal guerra é guerra).
      Apesar de minha pouca idade, ficava a filosofar: guerra devia ser uma coisa muito ruim, pior que aquela grande enchente (1941) que desabrigou tanta gente, pois fazia minha mãe chorar com a simples possibilidade de seu filho ser enviado à luta... e eu sequer imaginava a dor daquelas mães cujos filhos foram e não voltaram!

APENAS UMA TEIA-DE-ARANHA...

             Sobre a fuga do Menino para o Egito:
        (a passagem é apócrifa, a conclusão é verdadeira.)
      Avisado pelo Anjo do Senhor que os soldados de Herodes procuravam o Menino para matá-lo, José tomou Maria e o Menino e, no lombo de um burrico, empreendeu a fuga para o Egito, onde o Menino ficaria a salvo, até que o Anjo avisasse para retornarem.
      Durante a fuga, como os soldados se aproximassem, os fugitivos se esconderam em uma caverna. Após entrarem, vieram as aranhas e teceram suas teias, cobrindo completamente a boca da caverna.
      Quando os soldados chegaram, ao ver a teia na boca da caverna, concluíram que não havia ninguém entrado alí há muito tempo. Os soldados se retiraram e a Sagrada Família pode continuar sua viagem!
      Conclusão: "Com o meu Deus uma teia de aranha é uma fortaleza; sem Ele, uma fortaleza é apenas uma teia de aranha".

HUMOR

                  Mendel e a hereditariedade.

      As leis de Mendel sobre a hereditariedade, a partir de estudos com ervilhas, todo o mundo que fez II Grau conhece; o que ninguém sabe é que seus estudos começaram com o cruzamento de minhocas com centopéias.

      No cruzamento supra-citado Mendel obteve, na 1ª geração bichinhos com 50 patas, 25 de cada lado, que ele denominou “cinqüentopéias” ( perfeitas, em 90 % dos casos),.

      Na geração seguinte, cruzando cinqüentopéias perfeitas, ele obteve resultados do tipo: 50% dos descendentes eram cinqüentopéias, 25 % minhocas e 25% centopéias.

      Conforme citamos, na 1ª geração houve 90 % de cinqüentopéias perfeitas, com 25 patas de cada lado; os restantes 10 % tinham a totalidade (ou a quase totalidade) das 50 patinhas de um só lado do corpo e nada ou quase nada do outro lado. Ao tentar obter, por cruzamento, uma 2ª geração destas cinqüentopéias disformes, deu-se o impasse: como elas só tinham patas de um lado, só andavam em círculos e nunca se encontraram para acasalar; não houve uma segunda geração!

      A partir daí, Mendel dirigiu seus estudos para vegetais, bem mais fáceis de cruzar: começou com girassóis-anões da Tanzânia e depois com ervilhas de flores coloridas, que é o que conhecemos hoje de suas experiências.

      Como resquício de sua frustrante experiência com minhocas e centopéias, restou a denominação das cinqüentopéias disformes:

      Minhopéias, aquelas com patinhas à direita (centopéias, se vistas pela direita, minhocas, se vistas pela esquerda) e Centonhocas, aquelas com patinhas à esquerda (centopéias, se vistas pela esquerda, minhocas, se vistas pela direita) .

EL CID

     Sempre imaginei que o herói espanhol Don Rodrigo , de Bivar (ou Vivar), conhecido como El Cid, o Campeador, que viveu à época da dominação moura na Penísula Ibérica, fosse chamado por todos os árabes assim (Al Cid), em alusão ao herói e semi-deus da Grécia clássica Héracles (o mesmo Hércules dos romanos) cujo nome de batismo era Alcides. Cheguei a pensar em escrever alguma coisa a esse respeito e comecei a pesquisar sobre o assunto; descobri que apenas os árabes dos locais que ele reconquistou assim o chamavam em sinal de vassalagem e que isso apenas significava em árabe "O Senhor".

Conclusão: pesquisar e estudar podem te trazer mais conhecimento, mas menos fantasia e poesia!       :-(

QUERÊNCIA

                                                                    (outubro de 1993)

     Quase todos nós, portoalegrenses por adoção, viemos de uma pe­quena cidade do interior, a qual fomos obrigados a abandonar em busca de melhores oportunidades de vida e crescimento.

     Não faz diferença se nascemos em Alegrete, Itaquí, São Borja ou Uruguaiana (ou qualquer outra cidade da fronteira oeste do Estado), chegou o dia em que nossa cidade, qual madrasta, não nos concedeu mais a oportunidade de lá ficarmos: saímos, crescemos e fomos "tocando a vida".

     Com o passar do tempo fomos abandonando nossa maneira "grossa" de falar, nossos valores machistas e adotamos ou fomos adota­dos por Porto Alegre. Deixamos de visitar a cidadezinha do interior e a esquecemos.

     Um dia, já casados e com filhos, ligamos o rádio na nossa Rádio Gaúcha e ouvimos o Canto Alegretense; na voz do Bagre, os versos do Nico nos golpeiam no imo e a memória volta em catadupas de emoção: a rua da Igreja, a praça, o río, a rapadura de leite, o pão de casa, as serena­tas, as reuniões dançantes, a Escola. Em meio a cheiros, sabores, ima­gens e emoções, a Escola é uma lembrança à parte, pois até poemas fi­zemos dedicados a Ela.

     É por tudo isto que em qualquer local, o Canto Alegretense repre­senta para qualquer outro auto-exilado emotivo como eu, mais que ho­mena­gem e lembrança de Alegrete, um canto de amor e regresso a um lugar mágico e determinado, dormido na lembrança, a que chamamos QUE­RÊNCIA.

sexta-feira, 21 de março de 2008

EM BUSCA DO TESOURO

     Há muitos anos fui convidado a acompanhar uma turma que iria até um morro no município de Montenegro - RS, em busca de um pretenso tesouro, enterrado ao lado de um bloco de pedra enorme, em formato de paralelepípedo, com arestas de 3 a 4 metros e quase na base do morro. Os preparativos incluíram preparação de farnéis, compra de pás "virgens" para cavar e uso de roupas rústicas e capazes de abrigar contra o frio, pois era inverno.
     Saímos de Porto Alegre no domingo bem cedo, de ônibus. Chegamos ao local indicado pelo líder do grupo, profundo conhecedor da região, onde crescera. Caminhamos uma boa distância por estradinhas, campos e plantações de acácia-negra e chegamos ao pé do morro quase meio-dia. Paramos, comemos o farnel e iniciamos a subida, contornando o morro coberto de mata, num trajeto de forma helicoidal.
     Cerca de 3 horas da tarde tivemos que parar: ouvia-se o ruído de uma forte tempestade, com sons de galhos se partindo, estrondo de árvores caindo e arrastando outras em sua queda; estranhamente, o sol continuava a brilhar entre os galhos e não vimos sequer um galhinho quebrado recentemente, embora tenhamos caminhado até cerca de 5 horas da tarde. A pedra em formato de paralelepípedo não foi encontrada.
     Resolvemos voltar; durante nossa volta, por um caminho ligeiramente diferente do da ida, enxergamos três árvores muito antigas, umbús, formando um triângulo equilátero quase perfeito, com distância de 20 m ou mais entre elas. Nosso guia disse: é costume plantar-se árvores em triângulo para assinalar o local de um tesouro enterrado!
     Marcamos o ponto central daquela área, o qual ficava numa concavidade alí existente, e começamos a cavar; encontramos carvão vegetal e ossos, provavelmente de animais e provenientes de algum antigo churrasco alí feito e que o tempo e a água das chuvas se encarregaram de enterrar. Cavamos fundo e nada encontramos.
     Já anoitecera quando voltamos à estrada, só que por ser domingo e noite não passava nada alí. Só lá pra meia-noite passou um caminhão que nos deu carona. Chegamos a Porto Alegre no meio de uma fria madrugada e eu só não enregelei na boleia daquele caminhão porque havia levado meu poncho e o boné de lã "comprados lá no Uruguai"!

Apesar dos percalços, valeu a pena como aventura.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Saudade da Corte

Francisco Carlos D’Andrea (*)

A Corte no Brasil durou pouco mais de 80 anos, mas deixou saudade!
Saudade que se manifesta principalmente no Carnaval, quando a parte mais pobre da população se transveste em reis e nobres, com suas perucas empoadas – nobreza efêmera que não dura mais que 4 dias!
Saudade que se manifesta no linguajar, onde quem tem civilidade ou urbanidade é cortês, procurar conquistar alguém é cortejar, pessoa de vida airosa é cortesã, etc.
Saudade que se manifesta na política e nos parlamentos, onde vereadores, deputados e senadores se tratam por “nobre colega”.
Saudade que se manifesta no judiciário, onde juízes e advogados se tratam por “vossa excelência”.
Saudade que se manifesta na religião, onde bispos católicos são Dom e moram em Palácio Episcopal.
Saudade que respingou na Gazeta de Alegrete onde, satirizando a falsa nobreza, há um Barão de Ktutinha, alter ego do nosso Poeta da Aldeia, Hélio Ricciardi dos Santos.

(*) Engº Civil, ferroviário aposentado.