Seguidores

quinta-feira, 3 de outubro de 2013


NOLI e o LOBISOMEM

Quando a gente ainda era molecote costumava, após o jantar,  se reunir na rua para bater papo. Quase sempre passava por ali um moço bonito, forte e que ficava a nos contar a briga que tivera, na madrugada anterior, com os “milicos” (brigadianos), em algum boteco dos Canudos ou no cabaré da finada Aurora; nestas brigas, é claro, ele sempre levava vantagem. Esse moço era o Noli - filho do Seu Brasil que tinha salão de barbearia na Gal. Sampaio na quadra entre a Santa Casa e os trilhos - mentiroso maior não havia.

Numa noite escura, sem lua, o Noli veio contar sua valentia e nós o desafiamos a ir pela linha férrea de Uruguaina  até a 1ª ponte que havia, na sanga que tem antes dos quartéis. O Noli foi, assobiando, mas logo depois voltou esbaforido, correndo;  nos disse que tinha visto um lobisomem e se foi embora para sua casa.

O medo estampado na cara do Noli era tão real que a molecada resolveu conferir, afinal o grupo era grande e uns davam coragem aos outros. Fomos em direção à ponte e vimos o vulto do quadrúpede  se movimentando no acostamento da linha; fomos chegando, chegando, cheios de receio e vimos: o lobisomem do Nolí era apenas um burrico, um jumentinho, pastando por alí.

Nenhum comentário: