DE FANTASMAS e ALMAS PENADAS – I
Depois do jantar a molecada da Gal. Sampaio se reunia para
papear. No inverno a gente trazia a capa Ideal de chuva/frio e com umas forrava
a soleira de porta onde a gente sentava, e se cobria com outras. O assunto eram
estórias criadas pela imaginação de cada um, que em pé a contava aos demais; eram
estórias de selva (Tarzan e afins), de viagens espaciais (Flash Gordon) para
planetas habitados por homens de vidro ou de gelo ou de areia e por aí vai.
No verão a disposição e os temas eram diferentes: ficávamos
em rodinhas, em pé em frente a uma casa e o assunto preferido eram fantasmas ou
almas penadas (aquelas que carregavam um saco nas costas ou um rosário
pendurado no pescoço ou saltavam das paredes para o chão, procurando interagir
com os vivos); a gente tinha muito medo e falava para aliviar.
Certa ocasião em que conversávamos, o Vando era que estava
mais próximo à parede; foi quando ouvimos uma espécie de guincho de pavor e
algo bateu nas costas do Vando; nós
todos corremos apavorados. Era apenas um gato que costumava pular a janela para
seu passeio noturno e naquela noite encontrou um obstáculo inesperado e, sem
poder abortar o salto, guinchou de pavor.
A gente se recompôs em seguida e passou a rir do susto. O
Vando e o gato devem estar correndo até hoje, não lembro de tê-los visto de
novo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário